quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Os Sonhos Não Envelhecem



Assim como as músicas do Clube da Esquina, o livro Os Sonhos Não Envelhecem de Márcio Borges promove um intercâmbio sinestésico entre o racional e o sensível.
Ao transpor a literatura para a contemporaneidade a nostalgia por várias vezes é exaltada. Apesar de os anos de chumbo estar inserido no período histórico em que as narrativas do Clube da Esquina se desenvolvem, não sei se o leitor deste livro compartilha da minha vontade de vivenciar os grandes Festivais de Música, de caminhar pelas esquinas de Belo Horizonte que viram nascer muitas melodias. A produção musical parecia ser inerente as ruas de Beagá.
Os fatos narrados são preenchidos de muitos detalhes, o que favorece o encontro de muitos leitores com a narrativa. Contudo, há leitores que sentem dificuldade nesse encontro em função da grande carga de subjetividade. 
 Na Nota do Autor Márcio Borges relata “procurei ser o mais fiel possível as minhas próprias lembranças, que foram minha fonte de pesquisa mais recorrente e fundamental para não dizer a única”, neste trecho torna-se notório o grau de subjetividade nos fatos posteriormente narrados. Ainda que não tenha sido intencional, o autor tenta realizar um pacto de confiança com o leitor.
No entanto, este pacto ,em minha leitura, vai diminuindo a medida que sinto a necessidade de ouvir , por exemplo, o Milton Nascimento relatando as mesmas histórias contadas por Márcio Borges. A curiosidade gerada pelo conhecimento unilateral dos fatos torna o livro inquietante em algumas passagens.   
 O que ficou deste livro?
O que não falta durante e depois da leitura é vontade de ouvir as músicas do Clube da Esquina, de tomar batida de limão e jantar no restaurante Cantina do Lucas no Edifício Malleta e é claro contar com as diversas leituras desta obra dos amigos do Domingo Literário.
Mariana Amaranto de Souza
“Da mesma forma, o nome “Clube” não designava senão uma pobre esquina, um pedaço de calçada e um simples meio-fio, onde os adolescentes da rua (e só raramente os rapazes da minha idade) costumavam vadiar, tocar violão, ficar de bobeira, no cruzamento das ruas Divinópolis e Paraisópolis. O “Clube” da esquina”.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O cenário histórico de Freud




Sigmund Freud nasceu em Freiburg, na Morávia, em 1856, súdito dos Habsburgo, uma dinastia que governava a Áustria e parte considerável da Europa Central, a Mittel Europa, desde o século XIII. A família dele transferiu-se para Viena ao redor de 1860, quando ele tinha quatro anos de idade. A capital do Império Austro-húngaro, a feérica Viena, naquela época, em população, somente perdia para Paris, mas rivaliza com a cidade-luz como grande centro de atração artística, cultural e intelectual. Foi nesse meio cosmopolita, sofisticado e culto, que Freud, entre 1890 e 1900, criou a psicanálise.

Psicanálise é a ciência do inconsciente .Um método de investigação, que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito.


O Mal estar da civilização
Em O mal estar da civilização, Freud chegou a conclusão que o indivíduo não pode ser feliz na civilização moderna. Ao refletir sobre o propósito da vida , ele conclui que o objetivo da civilização não é a felicidade, mas a renúncia a ela.

Espero que gostem da leitura!













Mais sobre Freud e o livro escolhido desse mês vocês encontram no link : http://filosofonet.wordpress.com/2007/09/25/o-mal-estar-na-civilizacao-moderna

terça-feira, 23 de agosto de 2011

We are the world


Ainda no clima das crônicas, uma deliciosamente irônica que li nos idos de mil novecentos e noventa e poucos.


O Povo


Não posso deixar de concordar com tudo o que dizem do povo. É uma posição impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo que se tem dito dele. E muito mais.


As opiniões recentemente emitidas sobre o povo até foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo, não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.


O povo se comporta mal em toda a parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô em escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar.


A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente suicida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos grandes centros se deve ao povo. As lamentáveis favelas que tanto prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo, que as mantém contra os preceitos da higiene e da estética.


Responda, sem meias palavras: haveria os problemas de trânsito se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo.


É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares que, justamente por agradarem ao povo, não podem ser boa coisa.


O povo é pouco saudável. Há, sabidamente, 95 por cento mais cáries dentárias entre o povo. O índice de morte por má nutrição entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sendo atropelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo.


O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou escrever. O povo não viaja, não se interessa por boa música ou literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo, prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se não fosse o povo nossa economia funcionaria como uma máquina. Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O povo deveria ser eliminado.


Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O primeiro post a gente nunca escreve



Para quem já tinha perdido a esperança: desculpas. Para os que não se lembravam de que faríamos um blog: mais atenção da próxima vez.

Brincadeiras a parte, demorou, mas nosso estimado blog está pronto. E eu com a difícil tarefa de fazer um post inaugural, obviamente sem pretensões literárias, mas sempre preocupado com o que vão achar de mim. Pensamos que escrever expõe nossos pensamentos de forma controlada, metrificada pelo escreve-apaga. Engano nosso. Depois de publicado, qualquer texto pode e vai ser usado contra nós. É a vingança das idéias. O que consola é lembrar que todos os autores que escolhemos para esse clube de leitura se abriu inteiro pra gente. Em cada linha deixaram um pouco da alma, de prazer, de criatividade e doação. Espero que cada livro escolhido seja um sopro de ar fresco nos pensamentos de cada um de nós e que este blog seja alimentado pela generosidade e desapego de doarmos nossas palavras.

Sejam bem vindos!

Daniel de Pinho