quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Os Sonhos Não Envelhecem



Assim como as músicas do Clube da Esquina, o livro Os Sonhos Não Envelhecem de Márcio Borges promove um intercâmbio sinestésico entre o racional e o sensível.
Ao transpor a literatura para a contemporaneidade a nostalgia por várias vezes é exaltada. Apesar de os anos de chumbo estar inserido no período histórico em que as narrativas do Clube da Esquina se desenvolvem, não sei se o leitor deste livro compartilha da minha vontade de vivenciar os grandes Festivais de Música, de caminhar pelas esquinas de Belo Horizonte que viram nascer muitas melodias. A produção musical parecia ser inerente as ruas de Beagá.
Os fatos narrados são preenchidos de muitos detalhes, o que favorece o encontro de muitos leitores com a narrativa. Contudo, há leitores que sentem dificuldade nesse encontro em função da grande carga de subjetividade. 
 Na Nota do Autor Márcio Borges relata “procurei ser o mais fiel possível as minhas próprias lembranças, que foram minha fonte de pesquisa mais recorrente e fundamental para não dizer a única”, neste trecho torna-se notório o grau de subjetividade nos fatos posteriormente narrados. Ainda que não tenha sido intencional, o autor tenta realizar um pacto de confiança com o leitor.
No entanto, este pacto ,em minha leitura, vai diminuindo a medida que sinto a necessidade de ouvir , por exemplo, o Milton Nascimento relatando as mesmas histórias contadas por Márcio Borges. A curiosidade gerada pelo conhecimento unilateral dos fatos torna o livro inquietante em algumas passagens.   
 O que ficou deste livro?
O que não falta durante e depois da leitura é vontade de ouvir as músicas do Clube da Esquina, de tomar batida de limão e jantar no restaurante Cantina do Lucas no Edifício Malleta e é claro contar com as diversas leituras desta obra dos amigos do Domingo Literário.
Mariana Amaranto de Souza
“Da mesma forma, o nome “Clube” não designava senão uma pobre esquina, um pedaço de calçada e um simples meio-fio, onde os adolescentes da rua (e só raramente os rapazes da minha idade) costumavam vadiar, tocar violão, ficar de bobeira, no cruzamento das ruas Divinópolis e Paraisópolis. O “Clube” da esquina”.